O projeto Ciranda das Artes foi apresentado ao público no dia 09/11/2010 na quadra da Escola Alfredo José da Silva e foi desenvolvido com alunos dos segundos e terceiros anos. O projeto foi pensado com o propósito de divulgar o escritores brasileiro e portugueses, de incentivar a leitura e, principalmente, como uma proposta de ressaltar os valores que envolvem e fortalecem a relação familia e escola
LETICIA APRESENTANDO A ENTREVISTA |
PAULA (ENTREVISTADORA) RICARDO (FERNANDO PESSOA) |
E. Boa noite, Fernando Pessoa, é um prazer recebê-lo em nossos estúdios e agradeço pela sua presença.
F. Boa noite!!! Desculpe pelo atraso... mas estava bastante ansioso para esse encontro...confesso que não sou muito de falar...prefiro escrever, mas diga, que curiosidade tem a meu respeito?
E. Fernando, eu tenho em minhas mãos alguns dados biográficos sobre você: nasceu em Lisboa, mas passou a infância, a adolescência e parte da juventude em Durban, na África do Sul, E por que tão longe e em terras estrangeiras?
F. O meu destino assim o determinava, estava escrito nos astros. Meu pai morreu aos 43 anos, vitima de tuberculose e o meu irmão Jorge no ano seguinte. Eu e minha mãe ficamos sozinhos e com problemas financeiros. Mais tarde minha mãe casou com o cônsul de Portugal em Durban e daí a minha vida na África.
E. E quando começou a escrever? Recorda-se?
F. Sim, sim.. Logo após a morte de meu pai.. Aos cinco anos eu escrevi o meu primeiro poema assinado por Chevalier de pás.
E. O fato curioso e intrigante da sua obra, Fernando, diz respeito ao fenômeno da heteronímia. Como você explica isso?
E. Excelente... Então você escreveu com diferentes nomes, ou seja, com nomes falsos?
F. Não... Não é isso... Eu escrevi com outros nomes, com outra personalidade, outra individualidade, diferente de mim, o criador.
F. Essa pergunta é complicada para responder, mas...... Começo pela parte psiquiátrica. A origem dos heterônimos é o fundo traço de histeria que existe em mim. Não sei se sou simplesmente histérico, se sou, mais propriamente, um histero-neurastênico. O que sei é que.desde criança que tive a tendência para criar a minha volta um mundo fictício de me cercar de amigos que nunca existiram.........
E. Lembra do seu primeiro heterônimo?
F. sim, um certo Chelavier de Pás, dos meus cinco anos, por quem escrevia cartas dele a mim mesmo.
E. Vamos falar dos heterônimos?
Alberto Caeiro
"Olá, Guardador de Rebanhos
Olá, guardador de rebanhos
Aí à beira da estrada,
"Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?"
"Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram."
"Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti."
F. Poema assinado por Alberto Caeiro. Este nasceu em Lisboa. Órfão de pai e mãe viveu coma a tia no campo. Só teve instrução primária e, por isso mesmo, escrevia mal o português. Gostava da vida simples, sem inquietações intelectuais.
F. È verdade... Quis inventar um poeta bucólico, de espécie complicada, e apresentar-lho a Sá carneiro. Levei uns dias a elaborar o poeta, mas nada consegui. Num dia em que finalmente desistira — foi em 8 de Março de 1914 — acerquei-me de uma cômoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. Desculpe-me o absurdo da frase: aparecera em mim o meu mestre. Foi essa a sensação imediata que tive. “E tanto assim que, escritos que foram esses trinta e tantos poemas, imediatamente peguei noutro papel e escrevi, a fio, também, os seis poemas que constituem a Chuva Oblíqua, de Fernando Pessoa. Imediatamente e totalmente... Foi o regresso de Fernando Pessoa-Alberto Caeiro a Fernando Pessoa ele só. Ou, melhor, foi a reação de Fernando Pessoa contra a sua inexistência como Alberto Caeiro.MISMA E PRISCILA DECLAMANDO O GUARDADOR DE REBANHOS |
E. É verdade que você considera Caeiro o seu mestre?
E. E Ricardo Reis
Segue o teu destino,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos
Iguais a nós próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
como ex-voto aos deuses. Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.
(RicardoReis)
THAMIRES DECLAMANDO POESIAS DE RICARDO REIS |
E. E o Álvaro de Campos, como ele escrevia?
Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafisica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!(...)
ALESSANDRA DECLAMANDO POESIA DE ÁLVARO DE CAMPOS |
E. Parabéns poeta, mas não podemos encerrar esta entrevista sem apreciar um texto do Fernando Pessoa, o próprio. ..
Uma Prece!!!
Senhor, que És o Céu e a Terra,
Que És a Vida e a Morte!
O Sol És Tu e a Lua És Tu e o Vento És Tu!
Tu És os Nossos Corpos e as Nossas Almas
e o Nosso Amor És Tu também.
Onde nada está Tu habitas
e onde tudo está - (o Teu templo) - eis o Teu Corpo
Dá-me alma para Te servir e alma para Te amar.
Dá-me vista para Te ver sempre no céu e na terra,
ouvidos para Te ouvir no vento e no mar,
e meios para trabalhar em Teu nome.
Torna-me puro como a água e alto como o céu.
Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos
nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos.
Fazê com que eu saiba amar os outros como irmãos
e servir-Te como a um Pai.
Minha vida seja digna da Tua presença.
Meu corpo seja digno da Terra, Tua cama.
Minha alma possa aparecer diante de Ti
como um filho que volta ao lar.
Torna-me grande como o sol,
para que eu Te possa adorar em mim;
e torna-me puro como a lua,
para que eu Te possa rezar em mim;
e torna-me claro como o dia
para que eu Te possa ver sempre em mim
e rezar-Te e adorar-Te.
Senhor, protege-me e ampara-me.
Dá-me que eu me sinta Teu.
Senhor, livra-me de mim!
F. Como Fernando, o próprio, escrevi poesias nacionalistas e saudosistas, expressando o que de fato representa o povo português: é uma grande nação, com um passado grandioso, marcado por grandiosas navegações e fortes manifestações religiosas.
E. Obrigada pela entrevista.. e por favor....faça as suas considerações finais.
ANNE CAROLINE DECLAMANDO POESIA DE FERNANDO PESSOA |
F. Esta entrevista foi uma oportunidade para eu continuar afirmando que :
Multipliquei-me para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo.
Dei a cada emoção uma personalidade, a cada estado de alma uma alma. Sou a cena viva onde passam vários atores representando várias cenas.
E. Para sempre Fernando Pessoa!!!!!!!!
FONTE:
MISMA, PRISCILA, PAULA, RICARDO, ANNE CAROLINE, ALESSANDRA E THAMIRES |
FONTE:
Margens do Texto
José de Nicola & Ulisses Infante
Editora: Scipione
O Operário Em Construção
ANDRELINA APRESENTANDO O TEXTO |
O poema O operário em construção, escrito por Vinícius de Moraes em 1956, descreve o trabalho como base da vida humana; descreve o processo de tomada de consciência de um operário, partindo de uma situação de completa alienação: “tudo desconhecia / de sua grande missão”, sem saber “que a casa que ele fazia / sendo a sua liberdade/ era a sua escravidão”. No nível simbólico Operário em Construção trata de um operário que entra em processo de conscientização individual e resiste à exploração através da palavra “não”.
RENATA E JULIANO ENCENANDO O TEXTO O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO
PARTICIPAÇÃO DO PROFESSOR VALDEIRE COM O TEXTO SOU NEGRO
A origem dos cultos afro-brasileiros deve-se à chegada dos africanos em nossas terras. Esses nativos da África, por natureza, são extremamente religiosos e, sem dúvida, muitos deles só conseguiram resistir ao massacre colonizador por causa de suas crenças religiosas.
A presença do culto no Brasil mostra que Iemanjá é a configuração de um mito que, para muitas pessoas, está vivo em seus corações, cultuada também na África, mas em grande intensidade pelas populações negras da América do Sul e do Norte.
RAIANNE, CIBELE, SILIMARA E CRISLAINE ENCENANDO UMA DANÇA PARA IEMANJÁ
A origem dos cultos afro-brasileiros deve-se à chegada dos africanos em nossas terras. Esses nativos da África, por natureza, são extremamente religiosos e, sem dúvida, muitos deles só conseguiram resistir ao massacre colonizador por causa de suas crenças religiosas.
A presença do culto no Brasil mostra que Iemanjá é a configuração de um mito que, para muitas pessoas, está vivo em seus corações, cultuada também na África, mas em grande intensidade pelas populações negras da América do Sul e do Norte.
RAIANNE, CIBELE, SILIMARA E CRISLAINE ENCENANDO UMA DANÇA PARA IEMANJÁ